Felicidade em notas musicais

“Ah, eu era feliz e não sabia!”, sempre lamentamos, mas há momentos em que a gente é feliz e sabe disso no exato momento em que acontece. Um dos momentos desses aconteceu comigo em novembro passado, quando estava de férias em Montevidéu. Perambulava pelo Mercado Agrícola da cidade – um misto de Ceasa e shopping – quando começou a tocar “Last train to London”, da Electric Light Orchestra, no sistema de alto-falantes. Sabe aquela sensação de tomar água gelada logo depois de chupar uma bala de hortelã? Pois essa sensação de frescor ardido senti não na boca, mas dentro do plexo solar.

Alguns fatores ajudaram a explosão interna de alegria – estar de férias numa cidade deliciosa, num lugar agradável, por exemplo -, mas o decisivo foi mesmo a música. Desde que a ouvi pela primeira vez, em fins dos anos 70, a canção de Jeff Lynne sempre me deu “up” e ainda me deixa cheio de energia, mesmo 40 anos depois. Ela fala exatamente de momentos em que “o mundo parece parar de girar”, que você gostaria que nunca mais acabassem, e me dá uma tremenda vontade de viajar – o que estava fazendo naquele momento mágico -, de viver aventuras, conhecer coisas novas.

“Last train…” não é a única música da ELO, e sua estranha formação com dois cellos e um violino, de que gosto – ao contrário, há, pelo menos, mais quatro ou cinco que estão na minha lista do Spotify (“Telephone line”, “The whale”, “Sweet is the night” estão nela) -, mas, sem dúvida, quando ouço seus acordes, algo diferente, vibrante, ocorre dentro de mim e a alegria e a energia emergem com força. Nesses momentos, sou feliz e sei disso.

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